sexta-feira, 13 de março de 2015

Essa rotina, rotina!

Acontece que, depois de algum tempo, a vida acaba se resumindo em uma nova rotina. O caminho cotidiano me leva da porta do meu quarto até a entrada da biblioteca (aquela onde tem café de graça), quando muito mudo um pouco esse itinerário para alguma sala de aula. E não muda muito, pois boa parte das minhas aulas são em uma sala exatamente do lado dessa biblioteca.
Isso não significa que eu não deixe de sair das umas voltas de vez em quando, tomar uma cerveja em Žižkov, no U vystřelenýho oka, ou coisas do tipo. De mais importante nos últimos tempos foram o carnaval e o lançamento do álbum do pessoal da Pohlavní Nádraží. Esses dois eventos foram no mesmo final de semana, o primeiro na sexta e o segundo no sábado. Pulei tanto na sexta, completando a movimentação física no sábado, que fiquei com dor na lombar até a quarta-feira seguinte. Sinal da idade, imagino, mas também sinal que foram dois dias bastante divertidos.




 Mas ontem eu fiz algo um pouco diferente. Meu ‘passe’ acabou na quarta, e eu deveria ter ido comprar. Na verdade eu fui, mas o lugar estava fechado e acabei com meu colega Stefan no U svatého Filipa a Jakuba, com o plano bastante claro de tomar uma cerveja no final do dia. Porém, como não é todo dia que a gente tem oportunidade de conversar com um sérvio a respeito da Guerra na Bósnia e da questão de Kosovo, quando eu percebi eram 22:00h, não havia mais tempo para recarregar meu OpenCard. Ouvi elementos sobre os conflitos nos Bálcãs que eu não tinha ouvido antes e, definitivamente, essa é uma das coisas que fazem valer a pena estar aqui.
Tive que ir ontem de volta a Anděl para fazer a compra. Resolvi ir a pé: uma hora de caminhada sempre faz bem ao corpo. No caminho passei por vários lugares muito charmosos em Smíchov, tirei varias fotos que, não sei porque, não estavam no meu celular quando cheguei em casa, mas algumas se salvaram. Hoje estou com dor na lombar de novo, a idade e a vida sedentária não perdoam.

‘Passe’ comprado para mais três meses, agora é voltar a rotina!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Aquela hora pra não fazer nada, eu vejo filmes...

Sempre existem momentos, as vezes longos momentos, onde a melhor coisa que a gente tem pra fazer é não fazer nada. Comumente, nessas horas, eu sentava no sofá, chamava a Pretinha pra deitar junto comigo e ia assistir alguma coisa; seja esta coisa só um momento de desligar ou - mais frequentemente - simplesmente me ligar em algo diferente. 
Bem, aqui em Praga, a última vez que eu liguei a televisão que eu tenho aqui no quarto foi em novembro, pra ver o Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil. Desde então não tive mais essa vontade. Nas primeiras semanas eu engatei uma sequência de ver algumas séries (estou me segurando bravamente para não assistir Supernatural, mas eu duvido muito que minha força de vontade vá muito longe), mas depois me rendi aos filmes. 
Vi de tudo um pouco. Assisti um clássico da minha adolescência como "Cegos, Surdos e Loucos", durante a época de Natal e Ano Novo vi os seis filmes de Star Wars em sequência, relembrei a trilogia de Indiana Jones (sim, pra mim o último filme não existe), mas também me aventurei por alguns filmes ainda não conhecidos por mim. 
O filme "Before I Go to Sleep" foi uma boa surpresa. Coloquei para ser um daqueles filmes para ver antes de dormir, só pra esperar o sono chegar mas achei bem escrito. Nada que me tenha feito mudar a minha concepção sobre a história do cinema, mas divertido. Um patamar acima eu colocaria "Gone Girl", "The Wolf of Wall Street" e "Dallas Buyers Club". O primeiro pela história que não teve medo de se revirar a todo momento, o segundo por que é do Scorsese e eu me dou o direito de gostar de tudo o que ele faz sem dar grandes satisfações - mas eu adorei a narrativa do filme. O terceiro foi diferente. Gente, o que foi o Jared Leto. Falou-se muito sobre a interpretação do Matthew McConaughey nesse filme, que foi realmente legal mas, na minha modesta opinião, o camarada Leto elevou a outro nível o conceito de interpretação no cinema. Simplesmente eu acho que vai demorar para eu ver um filme e pensar "esse cara/essa guria está matando a pau nesse papel" de novo. 
Mas tiveram dois filmes que me surpreenderam positivamente de uma maneira diferente. "Nebraska" e "Pride". 
"Nebraska" é tão sensível e, ao mesmo tempo, engraçado. Não engraçado daquele jeito que você não consegue parar de rir, mas um tipo de comédia que eu gosto muito: quando você não consegue tirar o sorriso dos lábios durante toda a história. Ao mesmo tempo, no final eu quase me acabei em lágrimas. Sem contar que eu realmente gostei da fotografia (Tenho uma amiga, D. Débora, que diz que isso é a única coisa que eu sei falar sobre filmes; pode ser, mas eu gostei da fotografia).
Sobre "Pride", eu não sei o quanto a história (baseada em fatos reais) foi romantizada, mas eu gostei. Não conhecia os acontecimentos, mas qualquer filme que mostre o quanto a tal Dama de Ferro, a senhora que, se o inferno for ruim, ela está lá queimando, D. Margareth Thatcher, vai entrar no meu hall de filmes preferidos. Até hoje não consegui ver direito aquele filme com a Meryl Streep porque achei que foi muito água com açúcar, muito queridinho com essa senhora.
Enfim, caminhar é bom, ir nos botecos de vez em quando é bom, sair passear de ônibus pelas ruas também é divertido. Mas de vez em quando sentar na frente do meu notebook e só ver um filme é tudo que preciso pra estar pronto pra mais leituras no dia seguinte.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Dicas culinárias

Sabe quando alguém diz: "aqui no Brasil fica escolhendo emprego, aí vai pra Europa e trabalha de garçom"? Então, eu realmente não suporto o lugar comum dessa afirmação, mas de fato eu vivo algo semelhante: no Brasil eu não como banana se tiver o menor ponto preto na casca, aqui eu estou comendo beterraba.
Sim, depois de me render a batata e de me aventurar com a cenoura, eu aceitei deixar a beterraba entrar na minha vida. Tenho até um apelido carinhoso para ela: "bosterraba". Eu estava no mercado, as batatas estavam horríveis, a cenoura eu achei cara então comprei uma beterraba e fiz uns dias atrás. Depois comprei outra e venho comendo, pelo menos uma vez por semana. Não significa nenhum pouco que eu gosto dela, mas pelo menos não é batata todo dia.
Na verdade, eu já estou até desenvolvendo uma técnica que diminui o gosto da beterraba e da cenoura. Hoje eu almocei a nossa amiga roxa, e fiz assim:


Eu corto em pedaços pequenos e jogo na panela pra cozinhar. Enquanto isso vou cortando as outras coisas e jogando tudo na frigideira. Quando frita um pouco, eu já tiro o ser roxinho da água, já jogo no prato, polvilho generosamente com sal e pimenta preta (que eu acho que deve ser algo parecido com pimenta-do-reino) e corro comer antes de esfriar. Como cozinha pouco, quase não tem gosto da beterraba mas, ainda sim, eu vou colocando na boca junto com um pedaço de tomate para dar uma disfarçada.



Quando faço cenoura é mais fácil ainda. Eu ralo a cenoura e jogo dentro da frigideira com as outras coisas: esquentou, jogo no prato e almoço. E eu faço isso porque, se eu tenho que comer esses elementos, pelo menos que seja cozido! Pelo menos...
Mas tem um pensamento que me maltrata sempre: enquanto eu estou ali, me matando para fazer com que essas coisas não tenham gosto e inventando novos palavrões enquanto como, muita gente no mundo estaria maravilhada se tivesse um prato de comida pra comer. Sim, eu penso nisso e fico com uma vergonha interna, infelizmente não forte suficiente para me fazer apreciar o gosto de cenoura, de beterraba e de batata.



Aos sábados eu decidi que vou sempre jantar gulaš, um tipo de ensopado bastante comum aqui na região. O pior problema, entretanto, é que é um pouco difícil pra mim utilizar o abridor de latas, que no meu caso é um dos ingredientes mais importantes.





As vezes eu demoro alguns minutos para conseguir dar a volta em toda a lata e, as marcas que já vem com aquele lacre pra abrir manualmente, são muito mais caras e meu instinto de sobrevivência (entenda-se instinto para guardar dinheiro para comprar cerveja) é muito forte.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Só mais um passeio

Sábado de manhã saí para caminhar um pouco. A previsão era de chuva, como de fato aconteceu no período da tarde, mas pela manhã havia um sol modesto e convidativo. 


Resolvi que iria caminhar pelo lado oeste do rio, coisa que eu nunca tinha feito. Tomada essa decisão, passei a próxima: ao invés de pegar o metro, eu fui de ônibus e, depois, trem até Hellichova, com a intenção de conhecer Kampa. Não sei exatamente o que é, mas é uma ilha muito charmosa, a beira do rio, um daqueles momentos em que a saudade do Brasil some (ou chega perto disso).






Escultura de David Černý, ao lado do Kampa Museum. Tenho gostado bastante das coisas desse artista pela cidade.




Dali, a pé, caminhei até Lennonova zeď, para poder tirar uma foto e mandar para minha doce amiga Josenita: ela anda falando mal do meu querido Lennon e isso é quase imperdoável. E é quase só porque é ela que fala, se fosse outra pessoa seria a morte da amizade! 


Ainda, depois, resolvi caminhar mais um pouco, passei na Kostel Panny Marie Vítězné pra dar uma olhada no tal Menino Jesus de Praga. Tinha um menino lá, sem as roupas que eu sempre vi nas fotos pela internet, ma pela quantidade de gente tirando fotos, eu imaginei que ele deveria ser o famoso. Talvez eles estivessem fotografando outra coisa e eu fui enganado, mas tudo bem. Achei divertido encontrar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida dentro da Igreja.


Acabei caminhando de volta até Anděl e almoçando na feira. Divertido ver como qualquer praça, qualquer local, qualquer espaço que possa servir está cheio de feiras nessa época do ano. Eu não tenho paciência de ficar olhando, mas conheço algumas pessoas, como D. Priscila, que tenho certeza que gastariam horas ali. Sorte que, na mesma proporção de feiras eles tem bares, então eu poderia esperar no bar.


Curioso pra amanhã a noite. Meu primeiro natal em anos sem ouvir Simone.

Obs.: Escrevi ao som de Lennon, certo Josi?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sobre a minha pesquisa

Um dos motivos que me fizeram crer que seria uma boa vir estudar aqui na República Tcheca, era a possibilidade de entrar em contato com um diferente meio acadêmico. Como às vezes é importante dizer o óbvio, lá vou eu: não pensava (e não penso ainda) que a Europa esteja a frente, mais evoluída, que o mundo acadêmico que tive contato no Brasil de modo algum, mas a historiografia brasileira é muito pautada pelos pensadores franceses e eu queria ver algo diferente. 
A primeira diferença eu vi já nos primeiros dias de contato com meu orientador e os professores do programa de Sociologia Histórica. Eu houvia eles falando de 'generalizações' e ficava intrigado pelo fato deles darem um tom positivo a esse conceito. Desde 2005, quando entrei na Univille para iniciar meus estudos em História, eu sempre tinha ouvido e assimilado conotações negativas em relação a ideia de 'geral'. Mas é isso mesmo: eles gostam do geral, e isso se deve ao lado 'sociologia' da tal Sociologia Histórica. É algo que já estou me acostumando.
Agora, o maior desafio, acredito eu, será com relação a organização da metodologia. Para fazer uma discussão mais aprofundada entre a diferença de disciplinaridade, multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, eu precisaria de um capítulo de dissertação, pelo menos. Para uma resumo incrível (e que numa leitura mais acurada seria digno de muita crítica) eu digo que vindo do curso de História da Univillle - que tem uma queda interdisciplinar - e fazendo meu mestrado no Programa de Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille - assumidamente interdisciplinar - aprendi que o processo principal de pensar a metodologia acontece junto da pesquisa, muito diferente do que eu estou vendo agora. Embora as modificações sejam entendidas e recebidas durante o processo de pesquisa, aqui a ideia de qual metodologia será usada tem que estar muito clara antes de iniciar o processo de pesquisa. E me arrisco a dizer, me parece, não aceita tantas modificações assim - mas pra isso eu preciso estudar mais.
Quanto a literatura diferenciada, até agora me parece que eu estava certo, pois estou encontrando alguns nomes novos no caminho. Dentre as principais leituras até agora, posso citar um livro de Gellner (tudo bem, esse é conhecido no Brasil), de Hroch, de Vermeensch e o que está sendo trabalhado agora, dos sociólogos János Ladányi e Iván Szelényi. Enquanto os dois primeiros livros tratam do tema do nacionalismo, da nação e do sentimento de nacionalidade, os dois últimos são mais ligados diretamente ao tema semi-provisório quase final da minha tese: uma perspectiva global teórica sobre o movimento nacionalista cigano.
Ainda não tenho grandes conclusões nem pensamentos sobre o tema; toda a pesquisa ainda está no começo e, confesso, um pouco devagar: demorei um tempo para pegar o esquema de ler tudo em inglês. Porém, algo muito interessante acontece quando os autores, principalmente Vermeensch e Ladányi e Szelényi, que estão trabalhando diretamente com os ciganos, começam a discutir os preconceitos e os discursos anti-ciganos que existem. Eles são muito semelhantes as falas que se escuta no Brasil quando se quer atacar ou, pelo menos criticar, algumas minorias e sua relação com a cultura vigente e, principalmente, com o poder econômico. As análises são sempre muito rasas, dizendo que os ciganos são pessoas que não gostam de trabalhar, que não respeitam a cultura dos outros e que vivem "mamando" no governo, já que a grande parte dos ciganos desempregados na Europa recebem auxílio governamental.

Pra mim, uma visão muito supérflua de todo o contexto histórico desse povo. Ladányi e Szelényi discutem como, desde o século XIX esses povos, na melhor das hipóteses, estavam semi-segredados da sociedade, vivendo como uma lower class, usando palavras deles, e que depois do comunismo, em alguns locais, eles passaram a ser uma underclass: não só pobres e sem muitas expectativas de futuro, mas também apartados da sociedade, com muito pouco contato com os não-ciganos. Na passagem que mais me indignou de Vermeensch, ele lembra que até a metade do século XVIII, na região que hoje é a Romênia, esses povos eram tratados como escravos, de uma maneira que me pareceu muito próxima do escravagismo negro que aconteceu no Brasil. Ainda discute algo muito interessante sobre a crença de que eles são povos nômades: são nômades ou são sempre expulsos de onde tentam se estabelecer?
Enfim, é um tema empolgante e, ao mesmo tempo, triste. Por estar nessa pesquisa acabo descobrindo que ainda hoje há marchas anti-ciganas por cidades europeias, partidos que assumidamente são contrários ao convívio com esses povos e, até mesmo, algumas ideias sobre colocar os ciganos em campos de concentração para que, enfim, trabalhem (já se ouviu algo semelhante antes, né?).

Mas não se engane: esse crescimento (ou afloramento) do racismo não é problema só Europeu: a América, o Brasil está cheio disso e a última eleição deixou tudo muito claro.

Para quem tiver interesse nos livros:

VERMEERSCH, Peter. The Romani movement: minority politics and ethnic mobilization in contemporary Central Europe. New York: Berghahn Books, 2006, xiv, 261 s. ISBN 9781845451028.

GELLNER, Ernest. Nations and nationalism. 1st publ. New York (NY): Cornell University Press, 1983, viii, 150 s. ISBN 0-8014-9263-7.

HROCH, Miroslav. Social preconditions of national revival in Europe: a comparative analysis of the social composition of patriotic groups among the smaller European nations. New York: Columbia University Press, c2000, xix, 220 s. ISBN 978-0-231-11771-5.

LADÁNYI, János a Iván SZELÉNYI. Patterns of exclusion: constructing Gypsy ethnicity and the making of an underclass in transitional societies of Europe. Boulder: East European Monographs, 2006, vi, 227 s. ISBN 0-88033-574-2.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sobre a neve (ou pelo menos um pouco de neve....)

Ontem estava frio. Eu sei que vai piorar, mas ontem estava frio. Eu olhava o tempo lá fora, de dentro da biblioteca, e vendo aquele chuvisco ficava imaginando como eu voltaria pra casa (preciso mesmo comprar um guarda-chuva). 
Eram 18:00h, eu estava cansado e resolvi voltar para o lar. Pensei em ir correndinho para chegar o mais cedo possível e, no primeiro passo escorreguei com os dois pés. Só não caí no chão porque... eu não sei como não caí no chão. Tentar explicar essa fato por alguma agilidade corporal minha seria mentira e, mesmo que eu tentasse provar, ninguém acreditaria. A verdade é que a calçada estava congelada e, até chegar em casa, foram vários escorregões leves com a apoteose no momento de subir a pequena rampa que leva ao meu prédio: tive que me segurar no corrimão e dar passos muito bem calculados para não me esborrachar no chão. Muito embora tenha sido algo que eu nunca tinha visto na minha vida, calçadas congeladas não seriam a última novidade.
Em casa, estudando, olhei a previsão do tempo e vi que já haviam pontos da cidade onde estava nevando. Neve fraca mas, pra quem nunca nem tinha passado perto de neve, era neve! Vi que a previsão dizia que nevaria na cidade toda essa noite então, quando fui dormir, fiquei na expectativa. E hoje de manhã foi essa a paisagem que eu descobri:

Os bons observadores vão perceber que essa foto acima foi tirada na mesma posição que a capa desse blogue.





É isso. Mesmo que pequena neve, foi minha primeira e, definitivamente, é mais fácil andar na neve do que na calçada congelada. Ouvi dizer que o pior é quando derrete: vamos esperar!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Uma noite no Museu

Primeiro eu atesto que sim, sinto vergonha do título dessa postagem. Mas entre todas as idéias que eu tive, nenhuma tinha sido melhor do que essa. O final de semana eu passei em Náhlov e, como sempre quando vou lá, foi altamente divertido. Imponderado, inesperado, imprevisível e divertido.
Nesse final de semana foi inaugurada uma outra parte da exibição do Museu dos Compatriotas Emigrantes no Brasil, o mesmo museu que eu trabalhei em minha dissertação. Então saí de Praga sábado a tarde para ir me divertir e ajudar nessa festa. Petr, dono do museu, tinha me requisitado preparar caipirinhas e qualquer amigo meu sabe que sou extremamente talentoso nesse processo (como tonalidade vocálica não aparece em blogues, quero deixar registrado aqui que houve ironia na confecção dessa frase).



A festa foi um sucesso (Para ver fotos clique aqui), todos tomaram as caipirinhas, teve feijoada, teve quibe, teve pão de queijo, teve capoeira e música brasileira interpretada por um violonista daqueles que me faz ter vergonha de ter um violão em casa. Quando essa parte das festividades teve fim, começou o 'lado b' das comemorações: nós que tínhamos ajudado sentamos para tomar um pouco de cachaça com limão, vinho, Merunkovice (destilado de damasco), Hruškovice (destilado de pêra) e cerveja. As discussões foram de Governo PT, passando por Apartheid e chegando ao ciganos europeus.

Esse momento se estendeu até as 3:30h da manhã, bem perto dos aquecedores e terminou com a belíssima cena de Eva e eu comendo resto frio de feijoada, vinagrete e farofa com colheres de sobremesa direto da panela. O domingo chegava e a gente tinha que voltar pra casa....
Não tem ônibus que sai de Náhlov. Não tem trem. Não tinha carros suficientes para nos dar carona e, então, Eva, mais dois companheiros e eu, resolvemos que a melhor opção seria caminhar até Stráž pod Ralskem e a partir de lá tomar um ônibus para Praga. Esse plano seria perfeito, se não fossem quase 11km de caminhada. 






Mas a verdade é que, tirando um certo cansaço em demasia ontem a noite e uma enorme dor no corpo hoje, a caminhada foi bastante divertida. Passamos por casinhas que eu moraria facilmente, por monumentos, por ciclovias, e até mesmo a viagem para Praga foi tranquila.


Como disse, mais uma visitar Náhlov foi imponderado, inesperado, imprevisível e divertido. Bastante divertido.

A maioria das fotos não são minhas e, algumas eu não tenho certeza de quem foi o fotógrafo. Mas sei que tem algumas que foram tiradas pela Cíntia, outras pela Lucy - novos amigos tcheco-brasileiros ou tupy-tchecos, não sei como definir. Se algum fotógrafo não tiver sido contemplado com o nome, é só gritar que eu referencio.